terça-feira, 1 de setembro de 2009

A Ditadura dos Robôs

Eu faço iniciação científica com robôs e muitas pessoas ficam me perguntando sobre uma possível ditadura das máquinas. Acham que eles vão dominar o mundo e tal. Eu sempre disse que não... mas hoje eu estava pensaaaando...
As máquinas estão evoluindo, ficando cada vez mais eficientes no que fazem e precisas. Já faz algum tempo que se fala em máquinas tirando emprego de pessoas e a tendência é que isso se expanda cada vez mais. No futuro só haverão robôs, especialistas e programadores. Os robôs fazem todo o tipo de serviço, os especialistas dizem como o serviço deve ser feito da melhor forma possível e os programadores contam o que os especialistas dizem para os robôs.
Os robôs vão estar em todo lugar! Cuidando das ruas, limpando a sua casa, ensinando seus filhos... Quem tiver o controle dos robôs, terá o controle de tudo.
Venderemos o "irmaozinho" um robô que terá como propaganda ser a companhia ideal para seu filho porque é educativo, tem menos gastos que uma criança e ainda está dentro dos padrões de controle populacional (que até lá já serão rígidos). Todos vão comprar um irmãozinho para suas casas e quando pessoas resolverem dizer que estamos usando o irmãozinho para vigiar as pessoas, poderemos facilmente ridicularizar apontando outras "teorias da conspiração".
Imaginem. O cara citaria o big brother de "George Orwell" e teremos uma propaganda marvilhosamente feita paa justificar o nome, com mais o argumento de que ninguém que realmente pretendesse fazer isso deixaria tão na cara já pelo nome do "brinquedo". Diriam que ele está enviando dados para a central e nós justificaremos que é só um "bug report" diremos que é para garantir que os robôs não saiam de controle (todos querem muito que isso seja garantido).
Quanto aos especialistas... em primeiro lugar, eles serão funcionários publicos (hoje, já são). Segundo lugar, ter uma proposão maior de cientistas de exatas do que cientistas de humanas é fundamental. E o número de vagas para estudos dessa àrea será cerca de 0,00000001%, já que precisamos que todo o resto da população seja programador.
Quanto aos programadores. Todos farão uma faculdade de 5 anos, muito puxada na matemática e isso queimará todos os seus neurônios para qualquer coisa que não seja um algoritmo. Passaremos as ordens ditatoriais a serem programadas e eles não perderão tempo pensando sobre o sentido de tudo aquilo, só se preocuparão em ver a coisa funcionando e ficarão satisfeitos com isso. Isso será devidamente trabalhado durante a faculdade com diversas exigências de trabalhos sem nenhum objetivo prático, mas muito dificeis de serem implementados.
A parcela da população que não servir para programar e nem para se tornar especialista, será devidamente instruída a montar bandas de músicas em linguas não oficiais do país, assim a população programadora tem com o que se "distrair" e ao mesmo tempo, não recebe nada sobre o que pensar, mantendo o foco exato do pensamento.
Teatro será expressamente proíbido! Daremos a desculpa de que a concentração de pessoas transmite alguma doença infecto-contagiosa que nós mesmos inventaremos e faremos a publicidade necessária até que todos considerem a medida muito sensata.
Filmes serão permitidos. Todos muito parecidos com os que podemos ver hoje em um "cinemark mais próximo de você" e feitos com robôs (ninguém vai notar a diferença). Serão censurados filmes ou dacumentários que fujam do padrão anteriormente descrito, como os que tentarem lembrar que alguma parte da população não serviu também para ser músico.
Assim, o sistema garante a economia do país, pois os robôs trabalham em qualquer área necessária. Da mesma forma, garante que não faltará mão de obra e o controle populacional poderá ser feito apropriadamente. A população terá distração, sem que tenha idéias e para ter certeza disso, os irmãozinhos mandam um relatório de qualquer expressão de pensamento suspeito.
Caso, por um desastre, formos descobertos, diremos que os robôs criaram uma inteligência própria, que estamos nos esforçando para controla-los, mas não dissermos nada para não assustar a população. Em seguida criaremos um grande pânico geral, com muita propaganda, apoio do pessoal do cinema e da música (que vai falar, na nossa lingua, o horror que os robôs podem trazer). Com o pânico, todos esquecerão do julgamento dos culpados e nos dará tempo para fugir e deixar alguém para fingir que resolveu o problema.
O plano B, para o caso da propaganda ser fraca e todos não entrarem em pânico, é fazer uma copa mundial de futebol em o país em crise ganhará. (Telões em praça pública são fundamentais.)